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segunda-feira, 8 de junho de 2009

GARI CONFESSA QUE JOGAVA LIXO NA RUA QUE AGORA LIMPA POR FORÇA DO OFÍCIO

Paulo hoje é exemplo de cidadão: limpa as ruas que um dia ousou sujar
Texto e foto: Carolina Nascimento - Técnicas de Reportagem - Equipe Esmeralda

Casa de ferreiro, espeto de pau. Na Estrada do Portela, o gari Paulo César, 38, morador de Campo Grande, trabalha todos os dias recolhendo lixo nas ruas do bairro e da cidade que, um dia, ajudou a sujar. Hoje, apredida a lição depois de muita labuta e suor, o gari diz o quanto é difícil a profissão na qual trabalha há cinco anos. “Infelizmente, somente há cinco anos eu pude ter consciência do mal que eu fazia em jogar lixo nas ruas”, confessa Paulo, aproveitando para criticar quem faz o mesmo. "Nós (garis) temos que trabalhar sim, mas é um absurdo a falta de educação da população conosco e com ela mesma ao jogar lixo na rua”, reclama Paulo, depois de lembrar que um dia já fez o mesmo.

A lição de Paulo, infelizmente, não fez parte do aprendizado de muita gente. Quem nunca ouviu, ou ao menos disse essa seguinte frase: “Se eu não jogar lixo na rua, como é que os garis vão trabalhar?”. Pois é. Com expansão do comércio, urbanização e crscimento da população, a quantidade de lixo nas ruas vem aumentando gradativamente a cada dia. Em Madureira, maior centro comercial da Zona Norte do Rio, não foge a essa regra. Diariamente, garis têm árduo trabalho ao recolher os inúmeros detritos espalhados nas vias do bairro. Não jogar lixo nas ruas - hoje ensina Paulo - é uma lição de cidadania.

LIMPEZA - A Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos do Rio de Janeiro fica na Rua Afonso Cavalcanti 455, An 9, Cidade Nova. Telefone para reclamações: 2273-6797.

terça-feira, 2 de junho de 2009

PROFESSOR DA ESTÁCIO GANHA PRÊMIO POR SEU TRABALHO NO EXTRA


Por Ricardo França (Editor-chefe Jiló Press) / Foto: Divulgação EXTRA

O editor do blog parceiro do Jiló Press, 'Notícias do Subúrbio', professor Fernando Torres, que ministra a disciplina de Redação IV no campus Madureira, recebeu Moção da Câmara dos Vereadores do Rio, na noite desta segunda-feira (1/06), por seu trabalho como repórter do jornal EXTRA, ao lado do boneco João Buracão. A comenda foi dada pelo vereador Fernando Moraes (PR), que também concedeu Moção de Congratulação ao editor-chefe do Extra, Octávio Guedes; à editoria-executiva, Denise Ribeiro; ao editor de Geral, Fábio Gusmão, e ao borracheiro Irandi Pereira da Rocha, criador do boneco João Buracão.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

"SE BENZE QUE DÁ"



Texto e fotos: José Carlos Moutinho (3º período manhã - EQUIPE ESMERALDA)

A chuva fina e persistente que caía neste sábado (14/02) no Rio de Janeiro, não foi capaz de vencer a disposição, garra, alegria e, sobretudo, consciência de cidadania do bloco carnavalesco “Se benze que dá” (SBqDÁ), do complexo de favelas da Maré. Com o lema “Pelo direito de ir e vir, diversão sem alienação, Se benze que dá!”, o bloco realizou o primeiro de dois desfiles programados para o Carnaval 2009, ou seja, o 1º sábado antes e o 1º sábado após o Carnaval. Criado em 2005, o SBqDÁ já consta no roteiro dos blocos do Rio. Tome nota do próximo desfile: dia 28/02, às 9 horas - Esquina das ruas Guilherme Maxwell com João de Magalhães, Maré (rua da escola Bahia, passarela 8 da Av. Brasil).
Confira a letra “Samba 2009: Sem nome, mas com personalidade!”, dos autores Sinésio Jefferson, Leo J. Melo e Ana Paula: "É preciso muita reza, só pai nosso mais de cem / Patuá galho de arruda, um pedido pro além / (eu falei pra você) / Esse bloco é uma surpresa / você vai gostar / e nadar contra a correnteza / sem titubear / se de vagar também é pressa, não precisa se preocupar / sem dinheiro, alegorias ou ensaio / não desistimos de desfilar / Sem medo / fazer na rua a nossa história / escrever nossas memórias e espalhar o nosso amor / (ôooooo) / favela, terra de luta e liberdade / Tu já és parte da cidade / Ninguém pode nos separar / Se vez ou outra a gente briga, a arruda benze pra recomeçar / com sabedoria, alegria e coragem / lá vem o Bloco Se benze que Dá! / (é Preciso)".

MANIFESTAÇÃO ANIMADA PELO DIREITO DE IR E VIR

Texto e foto: José Carlos Moutinho (3º período - EQUIPE ESMERALDA)

O SbqDÁ, para seus integrantes, moradores da Maré e amigos, é mais do que um bloco carnavalesco: é um instrumento de luta política, cultural e educacional, construído por moradores e amigos dos mais diversos bairros do Rio de Janeiro. O “Jiló” pôde constatar tal assertiva durante o emocionante desfile deste sábado (14/02), no complexo da Maré.

Foi visível a alteração da rotina daquele bairro popular, a partir das primeiras batucadas dos tamborins, repiques, bumbos, chocalhos, entre outros instrumentos, momentos antes do início oficial do desfile, para esquentar a galera. Aos poucos, os moradores vão se aproximando para aguardar o início da caminhada. Antes, se deliciam com doces e salgadinhos (feitos na hora) num simpático bar, dirigido por dedicadas e educadas jovens, na esquina da Rua João de Magalhães. Neste local os foliões dão os últimos retoques nas pinturas, ajustam as fantasias e os pequenos galhos de arruda nas orelhas.

A emoção cresce na medida que o desfile evolui e adentra o complexo da Maré, de rua em rua, conclamando: “Vem pra rua morador”. Com alegria estampada nos rostos, os moradores atendem ao chamado, saem de suas casas e ingressam no desfile, outros acenam positivamente e aplaudem o bloco. É um momento de magia, paz e fé de que um Rio de Janeiro diferente é possível. Que um Brasil novo, justo e solidário é possível. As pessoas cantaram, dançaram e pularam por um mundo novo, sem guerras, trabalho para todos e paz.

Para o Sinésio Jefferson, 27 anos, letrista, professor de História e um dos fundadores do bloco, o aviltado direito de ir e vir das pessoas foi um dos motivos para a criação do bloco, em 2005. Tal direito tem sido subtraído da população local, devido aos confrontos entre traficantes de drogas, as milícias e as investidas da polícia. Essa situação de guerra tem afastado as pessoas das ruas. “A decisão de criarmos o bloco, foi no sentido de criar estímulos para as pessoas circularem. Os locais por onde o bloco passa são os mais tensos”. Jefersosn sublinhou que circulação é um direito da cidadania, tanto na Maré quanto em outros bairros. Há dois anos o bloco participa do “Grito dos excluídos”, bem como de atividades com o mundo do samba, entre outras.

O compositor, instrumentista e administrador, Leonardo Melo (Leo), 24 anos, falou a respeito da geografia da Maré. “Nós já tínhamos um grupo de amigos, militantes, pessoas que atuavam em diversas frentes. Esse grupo pensou: podíamos ter um bloco que passasse do Conjunto Esperança até a Marcílio Dias [a Maré compõe 16 comunidades], e devido às diversas dificuldades de circulação entre essas áreas, o desafio do bloco foi ultrapassar essas barreiras. Nesse sentido o pessoal ponderava: será possível? E respondíamos: é possível, se benze, se benze que dá. Assim, essa brincadeira, que começou em 2005, dura até hoje. Desfilamos sempre com uma pegada definida, ou seja, assumir a favela e falar sobre a favela”.

Para a atriz Geandra do Nascimento, 25 anos, que toca repique, é mestre de bateria e cursa Ciências Sociais na UFRJ, o bloco é mais um espaço de encontros, divulgação e diversão. “Nós pegamos as questões sociais e transformamos em uma forma divertida, para atrair mais pessoas e debatermos os diversos temas, como, por exemplo o direito de ir e vir, tanto na favela como em toda a cidade e no país. Nós temos o direito de ir e vir, de circular por onde quisemos”. Ela ressaltou que a presença feminina no bloco tem se destacado.

Mariluce, estudante, 29 anos, explicou que o bloco tem uma Ala dos Compositores, que varia de integrantes e discutem aguerridamente os sambas. Num determinado momento, o bloco aprovou dois sambas, devido a dificuldade de escolher entre um e outro. “Acho importante, também, o bloco como instrumento de luta política, pois a cada momento tentamos colocar várias bandeiras com as favelas e diversos movimentos sociais”. Ela ressaltou que a mídia só divulga notícias sobre tiroteios em morros da Zona Sul, mas não divulgam o problema dos tiroteios [seja pelo tráfico, milícias ou policiais] nas favelas. “Quase não se fala sobre o direito de ir e vir na favela”, disse.

Outra atriz, a Priscila Monteiro, da “Cia Marginal”, estudante de psicologia da PUC, disse que o bloco é um lugar de resistência, pois “apesar de tantas coisas, a gente persiste, não deixando que o bloco morra”. Ela disse que o bloco está determinado a crescer e chamar a população para participar. Lembrou, também, que em determinados momentos, na Favela do Timbau, puderam perceber idosos chorando de emoção com a passagem do bloco.

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