sábado, 4 de julho de 2009

MÉDICOS DE MADUREIRA DÃO PALESTRA SOBRE OS MALES DA OBESIDADE PARA GORDINHOS DA ZONA NORTE

Psicólogo Rafael Nunes: "Estar bem psicologicamente é crucial para tratar a obesidade"
EDITORIA DE SAÚDE
Texto: Andrezza Henriques (6º período) - Estagiária Mídia Impressa
Fotos: Ricardo França
Os gordinhos da Zona Norte conheceram, neste sábado (5/7), um pouco mais sobre os problemas causados pela obesidade. O Projeto Vida, formado por um grupo de médicos que trabalham no bairro, realizou seminário sobre o tema no Centro de Convenções do Pólo 1, na Estrada do Portela, 99. O endocrinologista José Alberto Galvão Cruz é um dos organizadores do evento. Formado há 23 anos pela Faculdade de Medicina de Vassouras, ele explica como nasceu e quais são os objetivos desses encontros. “O projeto nasceu na conversa de um grupo de médicos que tinham o mesmo interesse: informar o público leigo sobre doenças importantes. Esse foi o sexto encontro do grupo, que já abordou assuntos como esquecimento, diabetes, pés e problemas cardíacos.
O endocrinologista Mauro Coelho de Carvalho abriu as palestras recepcionando os mais de 60 inscritos. O psicólogo Rafael Nunes de Carvalho começou sua apresentação com um vídeo mostrando crianças com sobrepeso, chamadas no popular como 'crianças fofas'. O ponto principal abordado por Rafael foi que o passo inicial para se perder peso é reeducar a mente, como diz o tema de sua palestra, Pense Magro. Segundo ele, é preciso se conhecer para ter domínio da mente e, então, começar uma dieta. Ir ao psicólogo é um passo importante para quem deseja fazer uma cirurgia bariátrica. “As mudanças são bruscas, pois a pessoa continua com a cabeça compulsiva, continua com pensamento negativo, é isso que também deve ser mudado”, afirma o psicólogo.
Beatriz Ohana: "Obesidade pode causar pressão alta, diabetes, colesterol e cálculo renal"
A endocrinologista Beatriz Ohana também começou sua palestra explicando o porquê nossa genética é feita para absorção de gordura e energia. Ele explicou que somos descendentes de homens primatas que caçavam seu alimento e que ficavam muito tempo sem se alimentar, fazendo com que seu organismo fosse obrigado a armazenar essa energia. Ela lembrou que a tecnologia e a vida que temos hoje fazem exatamente o contrário, temos controle remoto, carro e tudo para facilitar a locomoção, além de encontrar no mercado tudo o que podemos e que também não devemos comer. A médica explicou como a obesidade pode causar pressão alta, diabetes, colesterol, além de aumentar riscos de cálculo renal.

Ela alertou os homens que possuem a circunferência abdominal maior ou igual a 90 cm e mulheres maior ou igual a 80cm, para terem ter cuidado, pois aumenta a probabilidade de se ter problemas cardiovasculares como um infarto ou derrame. Beatriz explicou um pouco sobre quem está apto a fazer a cirurgia de estômago, entre eles maiores de 16 anos que tenham índice de massa corpórea igual ou maior que 40. O risco cirúrgico aprovado por todos os especialistas envolvidos no tratamento.

Alice Nabuco: "É preciso ter comprometimento do paciente no pré e no pós-operatório”

A endocrinologista Aline Nabuco tirou dúvidas sobre o lado ruim da cirurgia bariátrica e suas complicações, que podem surgir no pós-operatório. Para ela, a cirurgia nunca é a primeira opção, pois os pacientes que chegam a fazê-la já passaram por muitas experiências frustrantes, como dietas controladas por nutricionistas, remédios com inibidores de apetite e dietas de “moda”. De acordo com Aline, é necessário o acompanhamento de muitos médicos para se realizar a cirurgia de redução de estômago, são eles: endocrinologista, psicólogo, psiquiatra, cardiologista, nutricionista, fisioterapeuta (para respiração) e para as mulheres ginecologista. “Todo o processo é troca: troca-se doenças mais difíceis e complicadas por um tratamento para o resto da vida. É preciso ter comprometimento do paciente no pré e no pós-operatório”.

Alguns pontos negativos podem acontecer meses depois da operação, como o mal estar, náuseas e vômitos, caso aconteça a Síndrome de Dumping, que são os sintomas que pode acontecer com a ingestão de alimentos com muito açúcar ou gordura.

PACIENTES APROVAM SEMINÁRIO

A funcionária pública Maria de Fátima Cardoso, 49 anos, aprovou o seminário. “Fiquei sabendo do seminário pelo pelo Jornal da ACM e vim buscar mais esclarecimento e informação. Para mim a cirurgia com o balão era a mais segura, mas tinha medo de fazer a cirurgia. Hoje, eu consegui ter mais segurança quanto aos processo e risco cirúrgicos. Estou fazendo dieta de boca, só diminuindo a comida”.

Luciene Carneiro Lopes dos Santos, 45 anos, já conhecia algumas técnicas da operação de estômago e está fazendo tratamento para emagrecimento. A cirurgia é uma opção para ela. “hÁ uns três anos venho pensando na cirurgia. Esse evento pode clarear algumas dúvidas que ainda tenho”, afirma.

O supervisor de transportes e professor de português e literatura Jaderson Nunes, 33 anos, está animado com a possibilidade de emagrecimento. “Sempre fui gordo e, agora, estou com a glicose, a pressão e as triglicérides altoS. Sou casado, tenho um filho e minha esposa está esperando outro bebê. Preciso pensar na minha família, no futuro dos meus filhos, quero acompanhar tudo e, para isso, preciso ter saúde”, disse Jaderson.

Cerca de 60 pacientes com problemas de obesidade assistiram as palestras

No retorno à palestra, o presidente da Associação Médica de Madureira e Adjacências e diretor do Conselho Regional de Medicina, médico Armindo Fernando da Costa, falou sobre questões práticas da cirurgia e da anatomia do sistema digestivo. Para Armindo, a cirurgia não é uma cura, não é uma cirurgia cosmética, e sim um tratamento. Um dos pontos abordados pelo médico são os hábitos de cada família. Às vezes os problemas são de costumes, como uma má alimentação e o sedentarismo. Por isso, na maioria das vezes, os responsáveis por esses problemas alimentares são os familiares.

O PAPEL DO BALÃO GÁSTRICO

Qual é o papel do balão gástrico? Essa pergunta foi respondida pelo doutor. O balão serve para o paciente perder os primeiros 10% do peso para que a cirurgia diminua seus riscos. O balão fica por apenas seis meses no estômago do paciente e é introduzido via endoscópica (como se fosse uma endoscopia, feito na própria clínica, apenas com sedativo leve). Já a cirurgia de banda gástrica, parte do estômago deixa de trabalhar e, automaticamente, deixa de produzir uma enzima chamada grelina, que é responsável por levar para o cérebro o desejo e comer, fenômeno que conhecemos como fome.

A cirurgia de Capela é a mais usada no Rio de Janeiro pois, além de deixar a maior parte do estômago sem ser usada e diminuir a produção de grelina, também reduz a passagem do alimento pelo intestino, fazendo com que tenha menos absorção de gordura e, também, de nutrientes. Por isso é necessário tomar complemento vitamínico por toda a vida.

A cirurgia de pouco absorção é a que diminui muito o tamanho do intestino, deixando o organismo com uma absorção mínima de gordura. Possui o risco maior de desnutrição do paciente. Por isso é recomendado apenas para pacientes que estão com um nível muito acima do peso, pessoas que tem mais de 200 kg. “Quem escolhe a cirurgia que vai ser feita é o grupo de médicos que estão acompanhando o caso do paciente”, afirma Armindo. Para ele, o sucesso da cirurgia depende do comprometimento e da vontade de cada pessoa que está se tratando.

Armindo mostrou fotos de pessoas famosas que fizeram a cirurgia e, também, de pessoas comuns, estimulando os participantes. Ele terminou sua palestra com o questionamento: "Obesos são culpados ou vítimas?" Para ele, são vítimas da sociedade, mas também são culpados, pois precisam reagir, dizer não ao que a indústria oferece.

TESTEMUNHO - No final do encontro os participantes puderam interagir com Marcus Derbly, 25 anos, que fez a cirurgia há 5 meses e já perdeu 39 kg. Perguntas sobre recuperação, bem estar e mudança de vida foram feitas para ele e respondidas com muita satisfação. Os participantes puderam ver um exemplo que deu certo. A qualidade de vida de Marcus aumentou e eles viram que podem ter a mesma possibilidade de melhora com a cirurgia.

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