terça-feira, 11 de agosto de 2009

A GUERRA DAS VOZES

TV JILÓ: Arthur usa a voz potente para atrair os clientes
TV JILÓ: Eduardo está satisfeito com o trabalho de locutor de loja
As vozes de Madureira - REPORTAGEM ESPECIAL
Textos, fotos e vídeos (TV JILÓ): Bárbara Quaresma - Técnicas de Reportagem - Equipe ESMERALDA
Caminhando pelas ruas de Madureira é inevitável não ouvir os gritos de “A hora toda hora” e “Arrebenta loja”, que ecoam entre a multidão excitada pelas promoções e preços baixos do comércio popular. Na porta da maioria das lojas podemos visualizar um personagem muito importante para as vendas: o locutor de loja – responsável por anunciar os produtos e atrair clientes. Esse ofício está sendo cada vez mais valorizado, pois impulsiona em cerca de 30% o faturamento do estabelecimento. Ao contrário das antigas caixas de som com gravações, eles têm contato direto com o público e interagem com o consumidor.
Apesar da jornada de oito horas diárias de trabalho, os locutores não reclamam, pelo contrário: trabalham bem humorados e usam a criatividade na hora de incrementar a venda dos produtos. Desempenhando uma função quase desconhecida e não reconhecida nem mesmo pelo sindicato dos comerciantes, cada um deles tem que criar seu diferencial para garantir o emprego que, em média, oferece um salário de R$1.500.

Cássio é o dono da voz do programa Good Times, da rádio 98FM

Ao escutar a vinheta do programa Good Times, da rádio 98FM, pode-se reconhecer a voz do locutor da loja Grippon, de Madureira, Cássio Leme. Aos 56 anos, afirma não ter mais vontade de ser radialista. Há 25 anos na profissão de animar e chamar o público às compras, ele garante que se sente satisfeito com o contato direto com as pessoas. “Eu não uso microfone de mão para elas ficarem livres. Assim, posso até bater palmas para chamar a atenção de quem passa na calçada. Gosto de brincar com o cliente”, comenta.
Cássio garante que não sentiria falta se tivesse que abandonar essa carreira e seguir alguma das outras que também desempenha, como fotógrafo, cinegrafista e mestre de cerimônias, mas revela que, de todas essas, a que mais o agrada é ser o centro das atenções na porta da loja. “Estamos aqui para lembrar o cliente que existe o produto, informar o preço, e não para vender. Às vezes, o cliente volta dias depois, lembrando de algum produto anunciado. Esse personagem faz muita falta à lojas”, defende.
Quando o assunto é reclamação do ‘freguês’, ele sorri e garante que são casos isolados, de pessoas que estão mal humoradas por qualquer motivo, mas que a maioria gosta e até elogia o seu trabalho. Cássio só se entristece ao reconhecer que para entrar nesse ramo é complicado e, na maioria das vezes, o trabalho é free lancer, como o dele.”É feito um teste de apenas 15 minutos. Você está com o microfone na mão e tem que convencer que é bom, que está preparado”, explica.

Locutor da Lealtext, Eduardo diz que não tem do que reclamar

Eduardo da Silva, 35 anos, locutor da Lealtex, loja especializada em cama, mesa, banho e decoração, não tem do que reclamar. Ele trabalha de carteira assinada há 1 ano e quatro meses e alerta os comerciantes que só contratam em épocas festivas. “No Natal, Dia das Mães e volta às aulas, por exemplo, não é preciso alguém anunciando os produtos na porta da loja. As datas já chamam os clientes, eles aparecem por vontade própria. Não é vantagem também para o locutor, pois recebe uma diária apenas de R$90”, explica.

Morador de Nilópolis, onde também existe o comércio popular, Eduardo não demonstra nenhuma vontade de trabalhar perto de casa. “Lá, poucas lojas tem um locutor. Aqui em Madureira as oportunidades são bem maiores, por isso existe tanta concorrência. Um quer falar mais alto que o outro, falar mais bonito”.

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