domingo, 7 de junho de 2009

CASA DO POETA TEM NOVO PRESIDENTE: JACKSON SALA, O POETA DE IRAJÁ

Gerações de poetas: Meirelles passa o bastão da Casa do Poeta à Sala

PLANTÃO JILÓ PRESS NO VIRADÃO CULTURAL
Texto e foto: Débora Fernandes / Rosana Fleury / Marília Rangel / Técnicas de Reportagem - Equipe Ônix

A casa do poeta é uma entidade autônoma que funciona em espaços culturais cedidos pela Prefeitura, como o Centro Cultural Professora Dyla Sylvia de Sá e a Biblioteca Popular de Jacarepaguá Cecília Meireles. Tem como um dos fundadores e presidente, Romildes de Meirelles, que nomeou, neste sábado (06/06), o poeta irajaense Jackson Sala, 39 anos, como novo presidente, que dará continuidade ao seu trabalho.

O encontro de Romildes de Meirelles e Jackson Sala foi marcado por várias festividades. Romildes participou o dia todo das comemorações. Sempre acompanhado de sua esposa, Helena França de Meirelles, com quem tem mais de 62 anos de casado. Jackson Sala participou das comemorações na parte da tarde na Biblioteca Popular de Jacarepaguá Cecília Meireles, onde aconteceu o show poético Ciranda de Poesia, conduzido pelo grupo Poesia Simplesmente, da Zona Sul do Rio.

BATE-PAPO COM O JILÓ
Entrevista com novo presidente da Casa do Poeta, Jackson Sala, o 'poeta de Irajá'.


JILÓ PRESS – Como surgiu o seu nome para ser presidente da Casa do Poeta? JACKSON SALA – Desde o início, ainda criança, quando comecei a participar do concurso Ciranda de Poesia, fui me classificando e ganhei vários anos. Depois fui convidado pela organização do evento para ser o patrono, porque todo ano a Ciranda tem um patrono, um poeta ligado a alguma atividade que tenha a ver com a biblioteca. Um desses anos fui convidado, um ano muito especial, e eu fiquei feliz. Mas depois me senti incomodado de continuar participando como concorrente e não participei mais. Me chamaram para ser julgador e todos os anos faço julgamento das poesias do concurso. O meu relacionamento de intimidade com a biblioteca e com todos as pessoas, sempre foi muito próximo. O Meirelles e o Cerqueira, que são os idealizadores da Casa do Poeta do Rio de Janeiro, já estão idosos e meio sem pique, por isso indicaram meu nome porque tenho uma experiência com produção cultural e faço produção de eventos. Já fiz muitos eventos, tanto no Centro Cultural Professora Dyla, como na biblioteca Cecília Meireles.

JILÓ PRESS – E como você recebeu o convite?
JACKSON SALA – Foi uma surpresa, mas fiquei feliz e, lógico, preocupado, pois é uma responsabilidade, um desafio a mais que não é muito diferente do que eu já estou acostumado, ao longo da minha vida.

JILÓ PRESS – Tem algum projeto?
JACKSON SALA – Todo útimo sábado de cada mês temos um encontro dos poetas na Casa do Poeta, que já foi mais incrementado. Já teve participação popular muito maior. Tem gente que é da localidade e se desloca para outros eventos não tão importantes em outros lugares. O desafio é trazer esse público para dentro do centro cultural, para esse encontro que, a princípio, faz parte do calendário da Casa do Poeta e, a partir daí, a gente pretende desenvolver mais encontros, mais eventos de cultura de uma forma geral, mas sempre puxando a brasa para poesia e para a literatura, que é o objetivo da Casa do Poeta.

JILÓ PRESS – Por que, hoje em dia, aparentemente não há mais interesse em poesia?
JACKSON SALA – É porque muita gente não conhece o movimento de poesia falada. Hoje é muito forte, basicamente de segunda a segunda há pelo menos um evento de poesia em algum lugar do Rio. Existe um site da internet que divulga a programação diária. Isso é um projeto de poesia mesmo, onde os músicos, os atores, todos as pessoas ligadas às artes comparecem para exercitar o seu ofício.

JILÓ PRESS – Como você descobriu o seu talento para poesia ?
JACKSON SALA –
Sou poeta desde que nasci. Sempre aprendi a escrever já fazendo poesia. Há 30 anos a biblioteca organiza essas cirandas de poesia e eu, desde o inicio, participei, ainda criança, talvez de uma das primeiras e acabei me entrosando e virei amigo do pessoal da biblioteca. Na época, ainda não existia o centro cultural. Aí, há 17 anos, brigamos politicamente para ter esse espaço, que era um espaço morto da capela da Escola Sobral Pinto. A Casa do Poeta é uma entidade autônoma. Nós utilizamos o espaço do Centro Cultural da Professora Dyla Sylvia de Sá, que junto com a biblioteca nos ajudaram a fundar o Centro Cultural, por isso o nome Dyla, que é a fundadora da biblioteca de Jacarepaguá. Ela fundou a biblioteca de forma independente, a casa era dela, com seu acervo particular. E ela abriu para a comunidade. Anos depois, a biblioteca veio a ser incorporada ao município passando a ser uma instituição municipal.

JILÓ PRESS – A partir daí começou a ter eventos na biblioteca?
JACKSON SALA –
Sempre teve eventos na biblioteca, desde a época da professora Dyla, quando ainda não pertencia a prefeitura. A própria Ciranda de Poesia que acontece hoje começou dentro da biblioteca, há 30 anos.

JILÓ PRESS – Que momento marcou sua carreira?
JACKSON SALA –
Em relação à biblioteca todos os anos que participei da ciranda foram especiais e, como poeta, os momentos mais marcantes são nos lançamentos dos livros.

JILÓ PRESS – Você já escreveu algum livro?
JACKSON SALA –
Tenho quatro livros e pretendo lançar um DVD esse ano.

JILÓ PRESS – Como é o DVD? Vai ter musica, poema?
JACKSON SALA –
O DVD também tem música, mas, a princípio, é de poesia. Também sou compositor musical. Então, tem alguns trechos de música, mas tudo voltado para parte de texto. O DVD esta em produção vai ser lançado na bienal.

JILÓ PRESS – Como você começou a introduzir música nas suas composições?
JACKSON SALA –
Essa coisa da música começou com a dificuldade de memorizar os poemas para interpretar, porque em algumas apresentações mais teatrais a gente tinha que memorizar e sempre tive dificuldade danada. Com isso, comecei a pegar os poemas e musicá-los para, junto com a melodia, memorizá-los. Alguns ficaram com resultado tão bom que acabei deixando como música.

JILÓ PRESS – Em que você se inspira?
JACKSON SALA –
Eu busco sempre o desafio, o que não é previsível é o que mais me atrai. Leio muitos poetas e me inspiro naquele que eu considero que seja bom. Estou sempre buscando novas experiências, tentando criar e inovar. Não me sinto confortável quando vejo que repeti alguma coisa de alguma forma. O Jackson Martins, ex-intérprete da Caprichosos de Pilares, já falecido, me chamou de “cientista da palavra”. É mais ou menos isso, estou sempre tentando experimentar. Esse é o meu desafio: tentar fazer sempre coisas novas.

JILÓ PRESS – Você já escreveu algum poema relacionado à Zona Norte?
JACKSON SALA –
Tenho, o poema que fala sobre a igreja da Penha. “...maior que a do Corcovado, unanimidade; é a minha adoração com singularidade; pelo ícone ao qual abro os braços e deixo que venha; pra minha vida todas as bênçãos da Igreja da Penha”.
(trecho do livro Grávidos Virgens – 2008 – Oficina Editor
es).

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