domingo, 26 de julho de 2009

POR QUE NÃO SE PREVINIR?

'MÃES SIM, ALUNAS TAMBÉM'
REPORTAGEM - GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
Texto: Viviane Teixeira Chaves
Uma pergunta e apenas uma resposta. Isso foi o que aconteceu numa enquete realizada para saber o porquê que as adolescentes não usaram preservativo antes terem relações sexuais. A resposta foi unânime e surpreendente: “Pensei que nunca fosse acontecer comigo”.
Thaysa de Lima Azevedo, 17, engravidou aos 15. A jovem revela que descobrir que estava grávida tão nova não estava em seus planos, da mesma forma que aconteceu com Bruna e Elaine.
– Logo que descobri pensei em fazer um aborto. Também passei pelo constrangimento de ter que enfrentar a família para contar o que havia acontecido. Além disso, sofri com o preconceito de algumas meninas da escola que se afastaram de mim, após a notícia da minha gravidez ter se espalhado. Minha mãe, no início, apoiou a minha decisão de abortar, mas depois da primeira ultrassonografia que eu fiz, me apaixonei pela ideia de ser mãe e ela se conformou em ser avó. Não usei preservativo, porque nunca pensei que fosse acontecer comigo – lembra Thaysa, hoje, mãe de Nicoly Cristine de Azevedo, 9 meses.
Elaine é outra que afirma não ter imaginado que um dia poderia ser mãe antes do tempo. A menina conta que só descobriu a gravidez porque passou muito mal e, que, por causa disso, chegou a ficar cerca de uma semana internada no hospital.
– Pode ser idiota, mas, também, pensei que nunca engravidaria. Soube que estava grávida ao ir ao médico me consultar, depois de passar muito mal. Eu nem imaginava o que era. Lá, eles fizeram uns exames e foi constatado que eu estava grávida de quase um mês. O médico me disse que o motivo por ter passado tão mal, só é justificado se for levado em consideração que o meu organismo ainda não estava preparado para gerar um bebê – explica a normalista.
A doutora em ginecologia, mastologia e obstetrícia, Graciara de Cássia Fardin concorda com o profissional que atendeu Elaine e afirma que isso é mais comum do que se imagina.
– Paciente grávida muito jovem sempre é preocupante. Tenho visto criança de doze anos gestante. Isso é um problema grave. A adolescente grávida fica exposta a uma série de doenças, como hipertensão e diabetes. Em alguns casos, a paciente não tem nem a estrutura óssea totalmente formada, o que é muito perigoso durante a formação do bebê no ventre da mãe e no momento do parto – explica a doutora, que atenta para a importância dos métodos contraceptivos.
De acordo com a ginecologista, os meios de contracepção vão além de evitar uma gravidez indesejada. As doenças sexualmente transmissíveis (DST) estão em alta e isso torna a camisinha indispensável.
– Mesmo que a jovem tome pílula anticoncepcional, a camisinha sempre deve ser usada. O maior risco que o ser humano corre em não usar preservativo não é engravidar, mas contrair o vírus do HIV. É triste admitir, mas poucos têm se importado com isso – adverte.
Glaucio Dirê é professor da disciplina Bases Biológicas do Comportamento do curso de Psicologia, do campus Ilha do Governador da Universidade Estácio de Sá. Glaucio, formado em Biologia, acredita que gestações precoces são consequencias únicas da falta de informação.
– A informação devia ser transmitida a partir da 5ª série. O ensino fundamental devia se responsabilizar por isso. É justamente nessa fase que a Biologia trata de sistema reprodutor e sexualidade. Esse seria um ótimo gancho para que o assunto fosse discutido entre os adolescentes com naturalidade. Palestras sobre os métodos contraceptivos seriam ainda melhor – orienta Glaucio.

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