segunda-feira, 9 de novembro de 2009

MADUREIRA VAI VIRAR LEBLON

Corretores estimam em até 30% a valorização de imóveis perto da futura área de lazer. Haverá desapropriações

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POR CHRISTINA NASCIMENTO, RIO DE JANEIRO

JORNAL O DIA - 09.11.09

http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2009/11/parque_e_ouro_para_madureira_45067.html

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Rio - A construção do segundo maior parque ao ar livre da cidade, em Madureira, vai trazer uma valorização de 20% a 30% nos imóveis do bairro. Para os corretores, a revitalização da área deve repetir um processo que já vem acontecendo em regiões que terão equipamentos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas, onde a projeção aponta para um aumento de 50% no valor de prédios e residências. O parque será criado no terreno que a prefeitura vai comprar da Light. As famílias que moram no local serão removidas e indenizadas.

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“A partir do momento que as pessoas têm à sua disposição uma área livre para lazer, isso tem um impacto direto no valor do imóvel que fica próximo ao lugar de recreação. Se isso for um espaço público, as pessoas vão querer morar perto”, explicou a corretora Maria Lúcia Almeida. Ela atua nas áreas de Madureira e de São Cristóvão, onde a valorização por causa da Copa, segundo a profissional, já tem se traduzido em aumento de vendas. A opinião é a mesma do corretor de imóveis Sérgio Cunha: “Com certeza, se esse projeto realmente sair do papel em Madureira, haverá uma valorização do bairro nunca vista”.

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O parque ficará às margens da Rua Conselheiro Galvão e próximo ao Viaduto Negrão de Lima e terá área equivalente a quase quatro vezes o Passeio Público, no Centro, e cinco vezes a Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. “Quero viver para ver tudo isso acontecer. Não temos nenhuma área de lazer aqui”, disse o aposentado João Lúcio de Souza Filho, 74.

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A Secretaria Municipal de Habitação explicou que ainda não foi feito o cadastramento das famílias que moram na Vila das Torres. A comunidade está no espaço do futuro parque. A Prefeitura do Rio — que pagará R$ 20 milhões pelo terreno esta semana — estuda duas formas de realocação: através do programa do governo federal ‘Minha Casa, Minha Vida’ ou de aquisição assistida, quando o Município acompanha a escolha da nova casa pelo morador e faz o pagamento diretamente ao vendedor do imóvel.

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Moradores não querem sair

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Os moradores da Vila das Torres estão dispostos a negociar com a prefeitura para manter as casas no terreno onde será construído o parque. O receio deles é que, com a indenização, eles não consigam habitações no bairro. “Todo mundo aqui trabalha em Madureira e, por isso, vai a pé. Estamos dispostos a regularizar nossa situação e pagar IPTU. Só não podemos deixar este lugar”, afirmou a doméstica Maria de Lourdes Izidio, de 42 anos.

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Morador há 30 anos da vila, o ambulante Severino Ramos Monteiro, 53, está assustado com a desapropriação: “Meu medo é ter que ir para uma favela. Construí minha vida aqui. Deve ter uma solução e um canto para a gente junto ao parque”.

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